Vai ser lançada no dia 7 de setembro, oficialmente, a marca que identifica as cervejas produzidas em Minas Gerais. O lançamento será durante a Mondial de La Bière, no Rio de Janeiro, onde o grupo vai apresentar a marca, acompanhado de sete cervejarias do estado: Austen Cervejaria, Bruder, Engine, Falke Bier, Furst Bier, Prussia Bier e Vinil.
A marca Cervejas de Minas – Livres por Tradição é uma das etapas desenvolvidas pelo projeto “Cerveja Artesanal da Região Metropolitana”, criado há dois anos pelo SindBebidas-MG, Fiemg e Sebrae. O projeto pretende fortalecer e aumentar a competitividade dos pequenos negócios mineiros ligados ao setor da produção de cerveja.
A ideia é que o selo identifique as cervejas artesanais mineiras, agregando valor, diferencial e garantia de origem às bebidas produzidas no estado.
O projeto também possibilitou a criação de uma “Central de Negócios”, formada por 20 cervejarias, entre elas, as sete que estarão expondo no Mondial de La Bière. O objetivo da central é, principalmente, aumentar o poder de barganha das empresas na compra de insumos, possibilitando a redução de custos.
O jornalista e sommelier do Cerveja e Gastronomia, Gleison Barreto, participou de duas importantes etapas do projeto, à convite do SindBebidas-MG: acompanhou a missão oficial no circuito do Vale da Cerveja em Blumenau, em 2017, e, mais recentemente, no fim de agosto deste ano, também opinou e participou do processo que escolheu a marca, que está sendo lançada agora.
A Experiência do Vale da Cerveja, em Santa Catarina
Iniciativas como essa, quando feitas com empenho e interesse do mercado, são ótimos exemplos da expressão “a união faz a força”. O primeiro selo que conheci foi o do Vale da Cerveja, em Santa Catarina. Por lá fiquei impressionado em como isso ajuda todo o mercado. Primeiro porque, de cara, você já sabe que está consumindo um produto local. Além disso, você encontra essa diferenciação em todos os locais – do bar ao hotel. É algo que mexe com o turismo na região – e como todos sabem, turismo bem feito traz dinheiro e melhora a estrutura das cidades.
A marca do Vale da Cerveja foi lançada em março 2016, durante o Festival Brasileiro da Cerveja, e é uma iniciativa conjunta da Associação das Micro Cervejarias Artesanais de Santa Catarina (Acasc), das prefeituras das cidades envolvidas, da Secretaria de Turismo de Blumenau, do Vale Europeu Convention & Visitors Bureau, Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares (Sihorbs), CDL de Blumenau, Sindilojas, Escola Superior de Cerveja e Malte, e as cervejarias da região.
É um exemplo brasileiro de sucesso. Quando visitei Blumenau por causa do Festival Brasileiro da Cerveja, fiquei impressionado com a qualidade e a união das empresas que fazem parte dessa marca coletiva. É um selo mais parecido com o lançado em Minas Gerais, já que, no estado, o objetivo é potencializar todo o mercado em torno da cerveja, não apenas a bebida em si.
Selos Nacionais
Outras associações também criaram marcas coletivas para separar as cervejarias independentes daquelas produzidas por grandes multinacionais. Nos Estados Unidos a Brewers Association foi a primeira e saiu na frente com o selo de “Cerveja Independente”.
Lançado em 2017, o selo identifica as marcas que carregam o “espírito livre e independente” das cervejas americanas. Uma pesquisa feita nos Estados Unidos pelo Sterling Rice Group, em 2018, mostra que 77% dos consumidores de cerveja estão mais propensos a valorizar a cerveja produzida de forma independente.
No Brasil, foi lançado, em fevereiro de 2018, o selo da Abracerva, a Associação Brasileira da Cerveja Artesanal.
Segundo o presidente da Abracerva, Carlo Lapolli, o selo vai ajudar o consumidor a escolher as cervejarias “que priorizam a qualidade ao invés do ganho rápido de escala com utilização de ingredientes de menor valor agregado”.
Nossa Opinião
Mais do que criar selos e encher as latas, garrafas e materiais promocionais de imagens, os selos precisam representar mais do que apenas uma forma de competir com as grandes cervejarias. É preciso união e apoio de diversos setores, criando um ambiente mais saudável para o crescimento do mercado.
O caso de Santa Catarina é exemplar neste sentido. Lá todo mundo entende a importância de trabalhar unido. Foi lá também que apareceu o primeiro estilo brasileiro aprovado no BJCP – a Catharina Sour, que, independentemente de toda a polêmica sobre ser ou não um estilo inédito, mostra como a união de cervejeiros e de empresas pode impactar positivamente o mercado. (Veja mais sobre este estilo aqui no blog)
Hoje em dia há cervejarias do exterior fazendo Catharina Sour, imaginem! No Canadá, por exemplo, a Market Brewing produziu, durante o verão canadense, um lote de Catharina Sour: a Strawberry Fields.
O mercado americano cresceu muito, principalmente por causa da mudança de mentalidade do consumidor, que aprendeu a consumir localmente (não só cerveja, mas muitos outros produtos).
Acredito que no Brasil nossa diferença possa ser exatamente neste tipo de arranjo comercial, numa equação em que todos ganham. Mais do que demonizar as grandes empresas, escolher conscientemente é papel do consumidor. E para isso, a informação é sempre a melhor aliada. Assim você valoriza quem você conhece, bebe produtos melhores e ainda melhora a estrutura da região onde mora, com o crescimento turístico.