A cervejaria mineira que ganhou mais medalhas na última edição do Concurso Brasileiro da Cerveja, realizado em Blumenau, pode ser visitada todos os sábados. Eu fui até lá para conhecer a fábrica e mostrar para vocês como é essa visita.
A fábrica da Verace fica no bairro Jardim Canadá, em Nova Lima. Esse bairro é muito perto de Belo Horizonte, saindo pela BR 040, você chega lá em 15 a 20 minutos de carro. Recomendo levar um motorista da rodada ou ir com carros de aplicativo, pois há degustação na visita.
O prédio já impressiona por fora: é lindo e foi todo construído para ser cervejaria, dessa forma, todos os processos necessários para a fabricação da cerveja estão alinhados com a estrutura, o que permite ganhar tempo e escala. São 1500 metros quadrados, com produção instalada de 120 mil litros por mês. A previsão da cervejaria é de atingir a produção de 110 mil litros por mês nos próximos dois anos.
Lígia de Matos, da Confece (a primeira confraria feminina de cerveja do Brasil), também jornalista e sommelier, foi comigo até lá para fazer essa visita.
Quem nos recebeu foi a incrível e sempre bem-humorada Valéria. Aliás, vale uma história à parte aqui. Valéria é tão elétrica e tão querida que virou até cerveja. Quando estávamos lá a cerveja “Onde Está Valéria?” já estava sendo produzida mas ela não sabia nem qual era o estilo. No Festival da Cerveja, em Blumenau, é que descobrimos: “Onde Está Valéria?” é uma Sour com Brett, uma bela homenagem!
A visita começa pelos insumos, no depósito, depois vai para os equipamentos de fervura, onde a cerveja é feita, passa pelos tanques de maturação e por último você conhece onde a cerveja é envasada e rotulada. Aos sábados, durante a visita, a produção é interrompida, permitindo uma boa olhada nos equipamentos.
Depois de tudo, você ainda experimenta rótulos e pode passar na lojinha para garantir mais algumas lembranças. A degustação dos rótulos é sempre uma boa parte, principalmente porque você conhece um pouco das cervejas produzidas na fábrica. No dia que visitei ainda tive a oportunidade de tomar a Rapsódia fresquinha, direto do tanque. A cerveja, que é uma das minha preferidas, ficou ainda mais cítrica, por causa do frescor.
A visita é paga e precisa ser agendada com antecedência pois há limite de pessoas. Você pode agendar pelo site ou pelo telefone: 31-3541-6103. Ah, uma boa dica, como a visita acontece no fim da manhã, antes do almoço, vale dar uma esticadinha no Mercado Cervejeiro, que funciona ali do lado, a um quarteirão da fábrica da Verace!
Medalhas
Ao todo, a Verace recebeu 7 medalhas no Concurso Brasileiro da cerveja, em Blumenau, e foi a marca mineira mais premiada, além de conquistar o segundo lugar no número de medalhas de todas as cervejarias inscritas no concurso. Isso é um excelente resultado, principalmente porque a Verace vai completar 3 anos agora em 2019, ou seja, é uma cervejaria jovem.
“Com apenas dois anos e meio de vida, já temos história pra contar. Em 2017 faturamos nossa primeira medalha em nossa primeira participação em Blumenau já demonstrando potencial. No ano seguinte conquistamos quatro medalhas, incluindo uma no estilo Pilsen que é um dos mais concorridos. Muito difícil de ganhar. E agora, em 2019, conseguimos nos posicionar efetivamente no mercado nacional.”
Alessandro Fontenelle, diretor da cervejaria Verace
A cervejaria Verace ganhou uma medalha de ouro no estilo Fruit Beer com a Verace Berry Splash. Foram quatro medalhas de prata: Verace I’m Kuit, no estilo Kuit, Rapsódia, no estilo Juicy Double India Pale Ale, Verace Lambioca, entre as cervejas do estilo Brett Beer e Smoked Coal, no estilo defumado Smoke Beer. Para fechar a conta das sete medalhas, outras duas de bronze: uma das minhas preferidas, a Django, uma American-Style Brown Ale e a Coração de Leão, no estilo Extra Special Bitter (ESB).
Dessas cervejas, a Django, Coração de Leão e Rapsódia são vendidas comercialmente. As outras 4 foram estilos experimentais, levadas pela cervejaria para o festival.
A Berry Splash, por exemplo, é uma cerveja bem refrescante, feita com três frutas: morango, amora e framboesa. É uma receita que já havia sido premiada no concurso de cervejeiros caseiros de Nova Lima em 2018. Tem 4,4% de álcool e um amargor muito baixo, com 11 de IBU.
A cerveja I’m Kuit é uma receita de um estilo holandês, que estava abandonado. A cerveja era muito popular nos séculos XIV e XV e tinha como característica o uso de malte de aveia (45%) e trigo (20%) na mistura, o que deixa a cerveja refrescante com uma espuma bem cremosa. Essa eu tomei quando estava no Festival e achei o sabor realmente diferente, foi uma boa surpresa. A cerveja tem 6,6% de álcool (você quase não percebe pelo paladar) e amargor de 25 IBU.
Já a Smoked Coal, como o próprio nome já diz, é uma cerveja defumada. Além dos maltes específicos para este estilo, a Verace ainda incluiu especiarias como páprica e pimenta-rosa. Tem 5,9% de álcool e 24 de IBU.
Por último a Lambioca é uma cerveja do estilo Brett Beer, ou seja, é feita com a adição de leveduras consideradas “selvagens” – as Brettanomyces. É muito legal ver uma cervejaria do porte da Verace usando este tipo de levedura. Ela traz para a cerveja aromas bem distintos e adicionam novas camadas sensoriais para a cerveja.
A Lambioca, especificamente, é feita com uma mistura de cevada, trigo e tapioca e é fermentada em barril de carvalho francês, por seis meses. Tem 5,5% de álcool e baixo amargor, com 11 IBU. Essa cerveja foi feita em colaboração com a cervejaria Cozalinda, de Florianópolis, em Santa Catarina.
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