Entrou nesta semana no catálogo da Netflix o filme mineiro premiado “Temporada”. A história da mulher negra que veio do interior é um retrato sutil das dificuldades enfrentadas pelas mulheres que vivem solitárias nas grandes cidades. Esta é a dica de hoje da coluna de cinema do Cerveja & Gastronomia.
“Temporada” conta a história de Juliana. Nascida em Itaúna, no interior de Minas Gerais, ela passa num concurso em Contagem e vem antes do marido para tentar a vida em uma cidade grande, na região metropolitana de Belo Horizonte.
As questões sociais que aparecem no filme decorrem dessa decisão que ela tomou – a primeira de muitas que, aos poucos, vão torná-la uma mulher mais independente e, aparentemente, feliz.
O filme tem enquadramentos abertos, brilhantemente escolhidos, que dão um ar poético para a pobreza da periferia. Numa das cenas Juliana conversa com um colega de trabalho que está observando o esgoto, como se fosse a Baía da Guanabara. É muito legal essa olhar que encontra a beleza e a felicidade perto de casa. É uma lição para todo mundo que vê o filme. A cena é linda e é uma das minhas preferidas de todo o filme.
O elenco mineiro traz um charme todo especial ao filme. Eu que sou mineiro me identifiquei com o sotaque – às vezes até exagerado mesmo. Mas é um filme que fala também de representatividade. Moradores de outros estados vão estranhar algumas frases, assim como eu estranho frases de filmes que contam a história de nordestinos. É um diferencial com certeza ao filme.
Além disso, “Temporada” conta com a premiada e talentosíssima Grace Passô. A atriz dos teatros, que recentemente enveredou para o cinema, levou consigo sua enorme capacidade de dar vida à personagens aparentemente simples mas que se conectam com nossa realidade. Se você ainda não a conhece vale a pena dar uma chance ao filme.
Ah, uma última coisa: é um filme que segue em ritmo mais lento. Não espere um filme cheio de ação. O foco dele é mostrar as relações sociais – como elas surgem, a solidão das grandes cidades e as alegrias dos pequenos prazeres. Veja o trailer:
O que beber?
Já que estamos em clima de páscoa, a dica de hoje é de uma cerveja com chocolate. Mas não é uma Stout nem uma Porter. A cerveja de hoje é uma Bock, que leva nibs de cacau e pimenta habanero, transformando a experiência maltada das Bocks.
A cerveja produzida pela catarinense Schornstein tem na boca um sabor de chocolate amargo bem equilibrado com o caramelado e dulçor do malte, que é característico do estilo. Aí quando você está no fim do gole vem a ardência da pimenta.
Eu conheci essa cerveja quando visitei a fábrica da Schornstein, em Pomerode e posso dizer que ela está espetacular. Vale muito procurar pela latinha – que ficou linda por sinal! Ela tem 7% de álcool e 23 de IBU.
A dica de harmonização desta cerveja é com carnes cozidas, como ensopados de carne e sobremesas feitas com chocolate como o Boston Cheesecake, por exemplo.
Toda sexta-feira você vai encontrar, aqui, nesta coluna, uma indicação de filme e de um rótulo de cerveja. Mas quais os critérios para a escolha dos filmes e das cervejas? Veja aqui como é feita a nossa coluna semanal. Você também pode ler as colunas anteriores.