Estreou nesta semana, nos cinemas, o filme que deu a indicação ao Golden Globe para Nicole Kidman, na categoria “Melhor Atriz”. Em “O Peso do Passado”, distribuído pela Diamond Films, ela interpreta a personagem principal que sofre com a culpa das próprias decisões de quando ela era jovem. Este filme é o destaque de hoje da coluna de cinema do Cerveja & Gastronomia.
O primeiro choque que se tem quando você vê o filme é em relação ao visual da atriz Nicole Kidman. Ela está irreconhecível em várias cenas – no olhar, nas formas do rosto e até no jeito de andar. Tudo isso certamente mostra o excelente trabalho da atriz, mas também reflete as decisões da direção e da equipe de maquiagem.
O roteiro do filme conta a história da policial Erin Bell em dois momentos: no presente, em que ela está consumida pela culpa, e no passado, quando ela trabalhou de forma disfarçada para o FBI. Os momentos do passado vão surgindo aos poucos e representam o mistério do filme, pois você só vai entendendo o que aconteceu com ela, à medida em que a história vai avançando.
No filme, a policial Erin Bell, passa por anos de negligência e angústia, e isso precisava ser refletido no visual da atriz. Desde aquele olho fundo, de quem não consegue ter uma boa noite de sono, sardas, até machucados que não foram bem tratados, num visual de quem apanha sempre da vida. Mudança que chocou até a equipe de maquiagem do filme, já que Nicole sempre tem muitos cuidados com a pele.
Esse visual é um contraponto ao visual do flashback que surge no filme, há 17 anos, quando ela era uma policial disfarçada para o FBI. No passado ela ainda estava de bem com vida, sem culpa, e essa diferença permite entender como tudo aconteceu e afetou a vida da personagem.
A própria atriz descreve essa caminho como um caminho de dor, mas que, ao mesmo tempo. é o caminho que vai levar a personagem à salvação.
Bell é alguém que estava com medo e destruída pelas próprias escolhas e também pelas questões que ela teve que lidar. O caminho dela durante o filme é doloroso mas é também a forma dela de encontrar a salvação. As camadas e complexidades da própria raiva e vergonha, sua falta de habilidade para expressar sentimentos, as barreiras que ela criou e que afetam a relação com a filha, ao mesmo tempo em que ela tenta criar uma vida melhor para ela. Eu acho esse caminho emocionante.
Nicole Kidman, atriz, sobre o papel de Erin Bell no filme O Peso do Passado
A relação da policial com a filha é muito conturbada e rende algumas das melhores cenas do filme.
Eu gostei muito do final, achei a solução dos roteiristas e da direção muito coerente com o filme, mesmo sendo percebida minutos antes dela ser apresentada ao público. Sabe aqueles filmes que você solta um “ahhhhhhh é isso”? É assim mesmo e isso não é um defeito do filme, na minha opinião.
Eu acho que é um filme imperdível e que deve garantir para Nicole Kidman uma indicação ao Oscar na categoria de Melhor Atriz. O filme é em torno dela, os atores e a história deste filme giram em torno de Nicole.
Para quem gosta de filmes de ação com investigação policial, o filme não deixa nada a dever. As cenas de ação são simples mas muito bem feitas. Não há o uso de computação gráfica. A briga de Nicole com a atriz Tatiana Maslany é super bem feita e natural. Ponto para a interpretação das duas, que elevaram bem a qualidade da cena.
Veja o trailer para já sentir o clima do filme:
O que beber?
A dica de hoje é uma cerveja do estilo Old Strong Ale produzida pela Cervejaria Leopoldina, do Rio Grande do Sul. A começar pela experiência, a garrafa é selada com cera, que precisa ser queimada e derretida antes de ser aberta. Este processo garante que nenhum ar vai entrar em contato com a bebida e dá um charme todo especial para a bebida.
Essa garrafa eu ganhei uma amiga e foi um presente muito querido, principalmente por ser uma cerveja que representa um momento especial! Não é, definitivamente, uma cerveja para beber toda hora, garrafas e mais garrafas. Ela pede uma atenção desde a abertura. É um sucesso entre amigos!
A Old Strong Ale, produzida pela Leopoldina, é uma cerveja escura, mais próxima do marrom, que tem cheiro de frutas secas, mel e vinho do porto. Esse toque de vinho vem da maturação, processo que deixa a cerveja por dez meses em barricas de carvalho (no caso desta produzida pela Leopoldina).
Por ser uma cerveja alcoólica (11% de álcool), é uma bebida mais forte, normalmente consumida em temperaturas mais frias. Não é uma cerveja tão amarga, tem apenas 15 de IBU, mas você sente o amargor na boca e ele está presente, em equilíbrio, com o adocicado do malte. Com a maturação em barril e a segunda fermentação na garrafa, é preciso um paladar um pouco mais acostumado com cervejas deste estilo.
A carbonatação é bem persistente e abundante, então você pode esperar um pouco mais de espuma no copo.
Para harmonizar, nossa sugestão é servir com uma sobremesa à base de leite como um belo pudim de caramelo, ou um creme brulée.
Ah, e uma última dica: diferentemente da personagem do filme, que é consumida pela culpa com o passar dos anos, essa cerveja só fica melhor, à medida que o tempo passa. É uma boa compra para quem pensa em ter cervejas para consumir anos depois.
Toda sexta-feira você vai encontrar, aqui, nesta coluna, uma indicação de filme e de um rótulo de cerveja. Mas quais os critérios para a escolha dos filmes e das cervejas? Veja aqui como é feita a nossa coluna semanal. Você também pode ler as colunas anteriores.