O Alzheimer é uma doença degenerativa que tira a lembrança das pessoas e afeta a memória diretamente. Para quem vive no entorno é uma luta tão difícil quanto a de quem enfrenta a doença, que vai causando lapsos e falhas nas lembranças de toda uma vida. O filme lançado nessa semana pela Califórnia Filmes, em todas as plataformas digitais, fala dessa sensação – do ponto de vista do paciente. Com atuações incríveis, e uma direção impecável, “Meu Pai” é a dica da coluna de cinema dessa semana.
“Meu Pai” começa como um filme comum: conhecemos o pai, Anthony, interpretado pelo ator Anthony Hopkins e a filha dele, Anne, vivido pela atriz Olivia Colman. Toda a ação acontece dentro de um apartamento e ali conhecemos um dilema: ela vai ser casar e se mudar para Paris, então o pai precisa aceitar uma acompanhante para que ele possa viver sozinho por lá.
Não quero dar muitos spoilers, mas repare bastante nos personagens que entram e saem o tempo todo. Como o filme foi inspirado em uma peça de teatro de mesmo nome, o diretor conseguiu manter as qualidades de um labirinto mental para que a gente vivenciasse a vida de um paciente com demência.
O roteiro e a direção estão bem juntos nessa questão e conseguem marcar pontos que vão voltando em momentos diferentes do filme, retomando assuntos e conversas anteriores, até que você perca completamente a noção do que é realidade e do que é a doença. Chega a ser bem angustiante e, mais do que um filme triste, é uma história que te leva para um universo ricamente interpretado por Anthony Hopkins. Para mim, ele é o grande destaque do filme e mereceria um Oscar (apesar de achar que, infelizmente, ele não leva neste ano a estatueta, mesmo sendo minha torcida!).
Além disso, outra dica: nas cenas pela cidade, repare nos enquadramentos e nos objetos de arte ao redor. Em uma delas, a personagem de Olivia Colman anda perto de um rosto enorme, que parece ser de metal, mas o rosto está incompleto. É sutil, mas é mais uma forma de mostrar a questão da demência como perda da própria identidade.
“Meu Pai” pode ser alugado em todas as plataformas digitais (já que a maior parte dos cinemas está fechada por causa da pandemia). O filme concorre a 6 Oscars. Confira o trailer:
O que beber?
Temos dois lançamentos da Cervejaria Demonho na dica de hoje. As duas cervejas são do mesmo estilo: Juicy Ipa mas cada uma usa lúpulos e leveduras diferentes, o que é bem interessante para comparação.
Para quem não sabe, as Juicy IPAs são cervejas refrescantes, geralmente com tom mais cítrico, amargas (como toda boa IPA) e se caracterizam pela turbidez da bebida, ou seja, ela não é transparente e lembra “suco de manga”, como muitos gostam de chamar por causa da cor.
A cerveja Gárgulas da Escuridão tem muito aroma e perfil de frutas tropicais. Na boca traz a sensação cremosa e bem suave com amargor médio e muito equilíbrio no sabor. São 7% de álcool e IBU de 50.
Já na cerveja “O Mal Vem A Cavalo”, o perfil é de frutas amarelas maduras. Nesse rótulo foram usados os lúpulos Azacca, El Dorado e Cashmere no dry hop, mantendo o amargor e a textura macia, características do estilo. Ela tem 6,7% de álcool e amargor de 47 IBU.
Mesmo que você não conheça o estilo, as latas valem pela coleção. Olha só como ficaram legais as duas artes que identificam os rótulos. A Cervejaria Demonho é de Santos, no litoral de São Paulo.
Toda sexta-feira você vai encontrar, aqui, nesta coluna, uma indicação de filme e de um rótulo de cerveja. Mas quais os critérios para a escolha dos filmes e das cervejas? Veja aqui como é feita a nossa coluna semanal. Você também pode ler as colunas anteriores.