Ser intolerante ao glúten não impede ninguém de beber uma boa cerveja. A cada dia, seja por modismos, seja pela exigência do mercado, o número de rótulos fabricados desta forma tem crescido. E não só em quantidade como na variedade também. Os estilos de cerveja sem glúten têm sido ampliados e é sobre isso que vamos falar neste post.
Mas antes é preciso explicar um pouco sobre o glúten, que é uma proteína encontrada no trigo, na cevada e no centeio (ingredientes das nossas queridas cervejas!). As pessoas que têm algum tipo de alergia a essa proteína são chamadas de Celíacos. No Brasil não há dados oficiais sobre o número de pacientes afetados por essa doença, mas a Organização Mundial de Saúde estima que 1% da população do mundo sofra de intolerância ao glúten, o que dá quase 3 milhões de brasileiros.
A doença é uma resposta imunológica a essa proteína que causa uma inflamação e danifica o revestimento do intestino delgado trazendo complicações médicas e dificultando a absorção de alguns nutrientes. O sintoma mais clássico é a diarreia, mas pode incluir também inchaço, gases, fadiga, anemia e osteoporose. O principal tratamento é uma dieta rigorosa sem glúten – mas e quem gosta de uma boa cerveja, como faz?
Para aproveitar este público – e aqueles que aderiram a esse estilo de vida por conta própria, em dietas, por exemplo – as cervejarias começaram a investir em cervejas que usam ingredientes sem glúten. Em vez de usar o trigo, a cevada ou o centeio, eles usam trigo sarraceno e até mandioquinha para conseguir o sabor da cerveja, mantendo o glúten longe das garrafas. O resultado está nas gôndolas: várias cervejas, de marcas variadas e estilos bem diferentes.
Vou indicar aqui alguns rótulos que eu já bebi e que são ótimas cervejas!
A Lake Side foi pioneira na produção deste tipo de cerveja. Hoje é a cervejaria que tem mais variedade de rótulos sem glúten no país. A primeira cerveja lançada foi a do estilo Lager, um dos mais consumidos em todo o mundo. Mas eles têm ainda uma Malzbier (escura e adocicada, como prevê o estilo) e uma American Pale Ale, bem lupulada.
A cervejaria mineira Loba criou uma Saison feita com trigo sarraceno (que não tem glúten) e frutas. O resultado é uma cerveja sem glúten de cor avermelhada bem refrescante e leve. Como tem frutas nos ingredientes, o amargor da cerveja é menos percebido, o que transforma essa cerveja em uma boa opção para harmonizar com sobremesas tipo cheese cake.
Além do trigo sarraceno, usado pela Loba, outro ingrediente que é naturalmente sem glúten é a mandioquinha. A Cervejaria Capitu usou esse ingrediente para fazer a Diadorim, uma Belgian Saison com 5,3% de álcool e baixo amargor. É uma cerveja bem leve e boa para beber com os amigos.
Para quem não quer abrir mão do amargor e ainda beber uma cerveja menos calórica, a Krug criou a Submissão. É uma Session Ipa com pouco álcool (3,9%), o que faz com que ela tenha também menos calorias do que as outras. O amargor é característico do estilo India Pale Ale e é uma ótima cerveja para acompanhar pratos com carne (eu gosto muito de um hambúrguer simples com esse estilo!)
Produzida pelo restaurante orgânico Le Manjue, a cerveja Uma é uma Blond Ale, estilo belga de baixo amargor. A cerveja tem 4,7% de álcool (como toda cerveja da escola belga, é mais alcóolica!). Por ter um toque de capim-limão, a cerveja ganha bastante refrescância e um sabor diferenciado para harmonizar com pratos como saladas e feitos com peixe por exemplo (peixe frito, empanado, etc.).