Você certamente já passou por essa situação: foi a um bar, se sentou e foi mal atendido do início ao fim. As informações sobre o cardápio foram passadas de forma errada, garçons mal educados, contas entregues com total maior, enfim, uma infinidade de problemas que poderiam ter sido resolvidos com um bom treinamento de brigada.
Essa é uma parte muito importante nos bares e restaurantes, mas que, por uma questão de custos ou de falta de conhecimento, muitos proprietários acabam deixando de fazer. Além disso, com o crescimento do mercado de cerveja artesanal, o número de opções aumentou muito – e dificultou a vida de muita gente, entre clientes e garçons. Afinal, entre tantas opções, como oferecer ao cliente uma experiência satisfatória que faça com que ele retorne depois ao estabelecimento?
Uma vez fui a um restaurante famoso aqui em Belo Horizonte e o garçom me ofereceu a cerveja do dia, que estava sendo vendida em chope. Eu conhecia de nome mas não tinha tomado ainda. Perguntei se era uma American Wheat e o garçom me respondeu com um “Não”, citando a marca, como se fosse o estilo da cerveja. Eu insisti e ele também. Deixei de lado e preferi pedir uma água. Ninguém é obrigado a saber tudo. Mas se o local vai vender cervejas artesanais é preciso um mínimo de compreensão do que está sendo oferecido ao cliente. Obviamente não esperava que todos os garçons do local tivessem, na ponta da língua, sugestões de harmonização e indicação de bebidas – isso é papel e função do sommelier. Mas o que se espera é um atendimento eficiente: conhecer o que se vende faz parte da estratégia de qualquer empresa e isso também vale para bares e restaurantes.
O garçom não é o único culpado nesta história. Faltou a ele um treinamento básico, que deveria ter sido feito periodicamente pelo dono de um estabelecimento. É o que chamamos de “Treinamento de Brigada”. Funciona assim: com a equipe do local reunida, o sommelier apresenta as bebidas que serão comercializadas, incentiva a degustação e explica como se pronuncia, como se serve, quais os diferenciais daquela bebida, etc. O garçom fica motivado, adquire novos conhecimentos, fica melhor preparado para o mercado de trabalho e consegue melhorar o atendimento ao público que frequenta o lugar. O proprietário também passa a ganhar mais e nós, clientes, saímos bem mais satisfeitos do local.
Grandes cervejarias fazem isso sem custo para os donos de bares. E mesmo assim, muitos não o fazem, perdendo clientes que estão dispostos até a pagar mais por uma cerveja especial.
Além do treinamento de brigada, outra possibilidade para tornar o atendimento mais eficiente é a melhoria do cardápio. Com poucas indicações, em forma de texto ou ícones, é possível sugerir harmonizações com os pratos oferecidos pelo estabelecimento. E com uma carta de cervejas bem escolhida, dá para ter várias bebidas que harmonizam com mais de um prato, facilitando a venda e a manutenção de estoques.
Tudo isso parece complicado para quem só quer ir a um lugar, beber e comer bem. Mas para o sommelier isso é algo rotineiro, faz parte da profissão.
Aposto que você também se lembraria de bons exemplos, se eu perguntasse sobre os lugares que se sentiu mais à vontade e feliz. Você certamente já passou por essa situação. Foi com amigos para um lugar, ficou com uma ótima impressão do bar ou do restaurante, consumiu o que queria, descobriu novos sabores, pediu um prato que nem pensava que fosse gostar, ou seja, viveu experiências na companhia de pessoas queridas. Isso faz toda a diferença, não é verdade?