Nesta semana eu tive o prazer de receber, das mãos de um amigo, a cerveja que é um dos pilares de um projeto super bacana, que mistura cerveja e música. A cerveja “Celebração” foi feita de forma colaborativa entre a Botocudos Cervejaria Artesanal, Casa Ørc e La Bière Breja Music. E aproveitando esse lançamento (eu falo mais sobre essa cerveja ainda nessa reportagem), decidi falar sobre a importância das cervejas colaborativas para o mercado cervejeiro.
Sabe aquela frase: duas cabeças pensam melhor do que uma? Esse é o conceito básico por trás de qualquer colaborativa. E o resultado pode impactar na qualidade da cerveja, nos custos da cervejaria, ou até mesmo nos processos de produção. A troca de informações é sempre rica e representa benefícios para as empresas e os profissionais envolvidos.
Uma cervejaria artesanal tem custos bem diferentes das grandes cervejarias, principalmente porque ela não consegue fazer compras ou vendas em escala. Tudo é numa versão bem reduzida. Eu mesmo já visitei cervejarias que produziam as cervejas usando tanques bem pequenos. Por causa disso, muitas vezes, essas cervejarias se unem, no mais tradicional espírito cervejeiro, para fazer cervejas colaborativas.
O objetivo aqui é produzir um estilo ou um rótulo, que pode ser sazonal, ou seja, uma edição limitada. Juntas, elas podem trazer o que têm de melhor em cada cervejaria. Isso significa que elas podem comprar insumos como maltes e lúpulos, em quantidade maior e até de outros tipos que não poderiam ser vendidos para pequenas produções.
A receita é discutida entre os cervejeiros que fazem parte da colaborativa e o resultado, normalmente, é a produção em uma das fábricas, otimizando os custos e o tempo de trabalho.
A primeira cerveja colaborativa que eu tomei foi a Saison à Trois, que como o nome diz, é uma cerveja do estilo Saison, produzida pela Invicta e 2 Cabeças. A cerveja foi lançada em 2013 e na época me impressionou muito por causa da leveza e dos ingredientes usados, que eram bem diferentes para o período.
Os cervejeiros usaram fermento belga com um toque de semente de coentro e de um lúpulo da NOva Zelândia chamado Motueka. O resultado era uma cerveja bem leve e refrescante, de baixo amargor e bem fácil de beber. Tanto que o rótulo, que nasceu como uma cerveja sazonal, acabou fazendo parte da linha de produção da Invicta (e está à venda pelo site oficial da cervejaria).
Outras empresas têm investido nesse tipo de parceria também como estratégia de marketing. Assim o público de um estado, por exemplo, fica conhecendo a marca de outro, distante geograficamente, mas bem “próximo” do gosto e dos estilos. Uma forma de democratizar e levar o estilo de vida cervejeiro para todos os cantos do país.
Celebração
A cerveja “Celebração” é parte de um grande projeto que segue em três frentes: a música, o clipe e a cerveja. Tudo começou em 2018, quando se juntaram três turmas muito criativas, cada uma em sua área: La Bière Breja Music, de Belo Horizonte, a Cervejaria Botocudos, de Alvinópolis,, na região central de Minas Gerais e Casa Ørc, de Pedro Leopoldo, na região metropolitana de Belo Horizonte.
A música aborda temas como colaboração, pertencimento, amizade e usa dos termos e jargões cervejeiros para mostrar um pouco da cultura cervejeira da forma mais pura: um bom rock urbano. No material de divulgação ficou muito bacana a forma como eles escolheram para divulgar a canção, como se ela fosse uma cerveja:
Apresenta um corpo denso e artesanal com notas de New Metal, Mangue Beat e Urban Rock.
Apresentação da música “Celebração”, da banda La Bière Breja Music
Daí você já tem uma ideia de como vai ser o videoclipe. O trabalho mostra cenas do cotidiano de quem gosta da cerveja artesanal e faz um paralelo entre o urbano e tribal, na forma que consumimos cerveja e nos conectamos, uns aos outros, a partir da bebida “mágica”.
Confira o videoclipe:
Por fim, mas obviamente, não menos importante, a cerveja! Que surpresa boa ver esse trabalho tão cuidadoso se transformar em uma cerveja bastante lupulada – tanto no aroma quanto no sabor. O estilo escolhido foi o New England Pale Ale, uma cerveja geralmente turva de cor amarela, com corpo mais denso. A primeira coisa que a gente percebe, depois de se encantar com a cor no copo é o cheiro dos lúpulos. A mistura de Amarillo e Nugget (dois tipos de lúpulos americanos) traz logo aquela sensação de frutas amarelas, como abacaxi e melão. Na boca, os lúpulos aparecem de forma delicada e resinosa, equilibrados com o amargor, deixando a cerveja refrescante.
Com 5% de álcool e 30 de IBU, a cerveja “Celebração” está à venda em algumas cidades de Minas Gerais e em São Paulo, na capital. A lista com os locais de venda e as cidades estão neste link.