Na semana passada o BJCP (Beer Judge Certification Program) divulgou a inclusão do estilo brasileiro Catharina Sour na lista de estilos válidos para campeonatos de cerveja. É a primeira vez que um estilo brasileiro faz parte da lista.
A Catharina Sour é uma cerveja de trigo, ácida, leve, de alta fermentação, baixo amargor, que tem no sabor de fruta e condimentos seu diferencial. O amargor é bem baixo mesmo, a acidez que é a marca principal deste estilo. É um estilo que lembra o Berliner Weisse, também ácido, e que causou muita confusão na época que foi criado, já que muitos não consideram uma “criação brasileira”, propriamente falando.
Polêmicas à parte, para quem gosta de cerveja é muito legal poder produzir e encaminhar para prêmios com o estilo correto – e concorrer no mesmo nível dos outros competidores. Isso é muito bom para o mercado e muito bacana para os nossos cervejeiros, que ganham um incentivo para produzir e criar cervejas ainda mais especiais.
A receita “padrão” de uma Catharina Sour, aprovada pelo BJCP, inclui malte de Trigo com malte Pilsen (50% cada, em proporção que pode ser alterada pelo cervejeiro). No processo de fabricação ainda é incluído um lactobacilo que proporciona a acidez. A fruta é adicionada nas etapas finais da produção, podendo ser complementada com especiarias – desde que elas não sejam mais percebidas do que o aroma da fruta, que é uma característica dessa cerveja. Tecnicamente a cerveja é bem clara, podendo ser turva, com baixo índice de álcool (entre 4% e 5,5%).
Harmonização
Como é uma cerveja leve e ácida, harmoniza muito bem com pratos que levam peixe e que precisam de acidez, como peixe empanado e ceviche. Vale lembrar que a harmonização vai depender da fruta usada. Se for uma fruta muito proeminente, pode “adocicar” demais o sabor do prato, criando um contraste que pode desagradar.
A Catharina Sour vai bem também com alguns queijos, que naturalmente aceitam bem a adição de frutas. O queijo brie, por exemplo, acompanha muito bem esse estilo.
História
Desde 2015, cervejarias de Santa Catarina começaram a fazer versões baseadas no estilo Berliner Weisse com o sabor de frutas como diferencial. A novidade agradou e, no ano seguinte, a Associação das Micro Cervejarias Artesanais de Santa Catarina unificou as cervejarias em um workshop que definiu os critérios técnicos e conceituais da Catharina Sour.
Aliás, o nome “Catharina” vem do estado de Santa Catarina, mais uma marca que identifica a origem do estilo brasileiro. Hoje em dia, outras cervejarias – inclusive de fora do estado de Santa Catarina – já fabricam cervejas deste estilo.